sexta-feira, 20 de março de 2009

Weekly report

Durante estes últimos dias dei, finalmente, início à minha nova rotina.
Que, durante os dias de trabalho, passa por acordar, tratar das minhas coisas, almoçar no Ajisen, ir à fábrica, comer qualquer coisa em casa (ou ir jantar fora com amigos), voltar a casa e ficar a trabalhar e a conversar com Portugal até de madrugada.
Mas cada dia é sempre marcado por qualquer acontecimento ou situação, que o faz ser único e irrepetível, seja pelos melhores ou piores motivos.
Na quarta feira, um funcionário que se despede (e os meus dotes de actriz ao rubro). Para compensar, um jantarzinho na casa dos meus amigos Peggy e Kevin.
Na quinta, é a Peggy que desata a chorar no escritório. Não tenho estofo emocional nem profissional para estas coisas. Não sei o que dizer, sobretudo quando também eu às vezes preciso de um ombro para chorar e não o tenho. Fez me pensar se estaria a fazer bem o meu trabalho, e se estaria a fazer bem a mim própria estar aqui. Muitas dúvidas, muitas saudades, alguma tristeza e frustração. Valeu me o Alfredo (sempre), fazendo me acreditar que também tinha passado por isto, que há sempre momentos de quase desespero neste trabalho, mas que no fim tudo vale a pena. Algumas horas de conversa, um banho quente e uma noite de sono depois, acordei com nova esperança.
Sexta, apesar do mau tempo, foi um dia bom. Por ser sexta, por começarem a ser resolvidos alguns dos problemas, por me enfiar num autocarro no final da tarde para um fim de semana em Hangzhou.
A convite da Peggy, fui conhecer a capital da província de Zhejiang (a que pertence Shaoxing), cidade natal dela, e onde moram os pais, que me acolheram durante o fim de semana.
Nada posso apontar a esta gente que, talvez não sendo muito, me deram tudo o que tinham. Arrumaram o piso de cima da casa para eu ficar lá com a Peggy, num quarto com 2 camas, salinha, mini cozinha e quarto de banho com sanita à la chinese (ou seja, um buraco no chão) e sem banheira (tb á la chinese, um chuveiro na parede), com água quente apenas numa espécie de garrafões que se deita numa bacia para lavar a cara e os pés (o resto ficou para domingo, quando cheguei!)
As condições poderiam não ser as melhores, mas tudo muito limpinho e o respeito e carinho com que me receberam valeu por tudo. A comida que fizeram, a casa que me ofereceram, os cuidados que tiveram comigo (a mãe da Peggy até um casaco me coseu), não têm preço, e só por isso já teria valido a pena a viagem.
Mas a cidade também a fez valer. Hangzhou é muito bonito, grande e moderno, mas também um sítio óptimo para se descansar. O West Lake é lindo, podemos passar lá um dia inteiro apenas a andar de bicicleta, passear de barco, percorrer os caminhos e as pontes, ou ficar só sentado numa esplanada a ler um livro ou a conversar. Foi o que fizemos no sábado, depois de acordar às 8h30 da manhã e de ainda passar no mercado de sedas, onde comprei imensas coisas giras!
Depois de um dia inteiro a passear, fomos para casa, jantar com alguma família da Peggy, no fim fomos dar uma volta, ver o rio, os jardins, o bairro antigo que está a ser recuperado, e onde descobri um costume que, sem dúvida, deveríamos copiar dos chineses: grupos de pessoas juntam-se em praças, com música, para dançar, fazer yoga ou tai chi, amigos, estranhos, qualquer pessoa pode entrar, fazer um pouco de exercício, bom para corpo e sobretudo mente.
No domingo fui percorrer mais um pouco da cidade, comprar chá verde da região e alguns livros, sobre a China, de chinês, e também alguns clássicos em inglês, para quando tiver tempo livre.
De volta a Shaoxing, segunda descobri que levar o ipod para o Carrefour torna aquele momento (que raramente é breve, nas tentativas sucessivas de encontrar o pretendido) muito mais agradável.
Como estive a trabalhar até as tantas da manhã (o Alfredo é imparável...), o bater da porta (ainda não percebi porque é que a minha casa não tem campainha) da empregada às 8h de terça feira foi um pouco doloroso, mas o solinho lá fora falou mais alto e acordei muito bem disposta. Na empresa tudo correu bem, e ainda tive tempo para uma mini-aula de chinês, na esplanada do Starbucks. No fim do trabalho, a convite da Peggy e do Kevin, um salto até à zona da Universidade. Com apenas 8 anos, o campus universitário tem óptimas condições. Os edifícios das aulas, um para cada curso, os jardins, os campos de desporto, e os inúmeros dormitórios, separados por sexos, com camaratas de 6 (não há bela sem senão)... Toda a zona circundante é da Universidade, com parques, jardins, outros campus e mais dezenas de dormitórios. Daria para uma vila de tamanho considerável em Portugal...
A quarta teve como momento especial do dia (além da ida à manicure) o jantar com um casal de estranjeiros aqui em Shaoxing: a Vicky, turca, e o Leandro, brasileiro, antigos amigos do Alfredo, com quem já tinha conversado no messenger, mas ainda não tinha encontrado, devido à falta ou de tempo ou de vontade. Mas depois das quase 4 horas de conversa (em português!!), percebi que, mesmo que me sinta cansada e só tenha vontade de ir para casa e estar sozinha (coisa que aprendi a gostar muito no último ano), estar com outras pessoas, que estão numa situação semelhante mas que vivem cá há algum tempo, pode ser muito reconfortante e animador. Afinal, a vida social não tem que se confinar ao fim de semana em Shanghai e, pelo menos uma vez por semana, um jantar de estranjas está já marcado na minha agenda. Até porque ainda tenho muita gente para conhecer, de todos os cantos do Mundo...
Regresso a casa a pé, apesar do ar quente e húmido que já se faz sentir, uns bons 40 minutos, um banho bem fresco, e foi tempo de marcar os hoteis para os papás (e irmã e cunhado), que chegam já daqui a 15 dias!Weeeeeeeeeee....
Chegamos então ao dia de hoje, quinta feira, dia do Pai (um beijo enorme ao melhor pai do mundo - não, não é o que toda a gente diz, o meu é mesmo o Melhor!), cujo momento alto do dia foi esperar quase 15 minutos por um táxi à saída da fábrica, aparecer uma senhora numa carrinha e perguntar se eu quero boleia, e quando eu entro me pede 20 rmb, para depois não perceber para onde é que eu quero ir, e ainda ter que ligar à Peggy para lhe explicar... Coisas que só acontecem na China.
Depois de aquecer no microondas umas rodelas de algo que eu não sei bem o que é, mas que sabe bem, que a mãe da Peggy fez para nós trazermos, fui com ela e o namorado reservar o Margaret para a família que está aí a chegar e aproveitar para dar uma volta a pé pela JeiFangLu, ver umas montras, comer um sunday e ainda deu tempo para uma massagem.
E pois que é isto que se passa pela China. Amanhã: Shanghai!!!!!! Que saudades....

1 comentário:

  1. estivemos a ler...o pai ficou babado...Claro que é difícil,estar longe de tudo que mais amamos;mas já ninguém te tira a riqueza dessa experiência, talvez tão ansiada por tantos...Força,filha,põe na beira do prato o mau e saboreia lentamente cada dia ,cada momento. Beijos.Até breve.Mãe

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