quinta-feira, 30 de julho de 2009

88 (Bye Bye à maneira chinesa)

E assim chega ao fim a minha aventura na China.


Escrevo este último post já em Frankfurt, depois de uma viagem de quase 12 horas num Boeing 747 do tempo da Maria Carqueja, entre dois meninos, um irlandês de Dublin de 15 aninhos e um alemão de não sei de onde, depois de ter pago excesso de bagagem (mesmo tendo ensaiado as malas várias vezes e ter mandado 18 quilos por TNT), depois de ter deixado o passaporte no avião à saída e um menino todo simpático da Lufthansa mo ter ido lá buscar…

A última semana teve como ponto alto uma amigdalite diagnosticada via telefone pela minha querida irmã (ainda bem que trouxe comigo antibióticos e não precisei de ir ao fantástico hospital de Shaoxing, de onde creio que sairia pior ainda). Esta brincadeira, além do mal estar que me provocou durante vários dias, impediu-me também a viagem planeada a Macau nesse fim de semana. Com muita pena minha, não pude conhecer a nossa ex-colónia, mas há de ficar, concerteza, para uma próxima vez…
Como estava doentinha, voltei a aventurar-me na sopinha, no arrozinho, tudo feito à base de macedónia congelada, mas a vontade de cozinhar, como imaginam, com 38º de febre, também não era muita…
Aproveitei também para mais umas sessões cinematográficas: quarta: “The Deception”, quinta: “The Kyte Runner”, sexta, “The Nines”. Sexta que, à falta de Macau, teve que incluir a ida habitual para Shanghai… Mesmo doente, não ia passar o meu último fim de semana na China enfiada em Shaoxing… Foi, claro, um finde tranquilo, com jantar inauguração da casinha nova (e linda!) da Rita e do Gago na sexta, com pizzas e o pessoal tuga do costume (sendo que alguns C13 começaram a partir), e a chegada do Alfredo, que voltou para Shaoxing (há malucos para tudo…) Sábado acordei cedinho e fui com a Rita fazer “woman stuff”, como manicure, pedicure e fazer o buço à maneira indiana, com linhas! Adorei! Depois a última passada no Fake Market para os últimos recuerdos, e jantar em Taikang Lu, que, apesar do calor abrasador, foi gostoso. Domingo o pessoal foi todo para a piscina do Meridien em She Shan mas, por não querer arriscar uma recaída, e também por não me sentir lá muito nos meus dias, resolvi ficar a descansar e ir mais cedo para Shaoxing e começar a tratar de arrumar as minhas coisas e fazer as malas (a saga das malas, entre o ridículo dos 20 quilos permitido pela companhia aérea, o envio por TNT, as possíveis complicações na alfândega (vindo da China somos todos possíveis contrabandistas…) e o já normal não permitido a bordo, etc, etc).

Segunda feira o Alfredo veio para Shaoxing. A semana passou entre o regresso dele e a minha despedida dos vários lugares, tais como o Banana Leaf, o Starbucks, o Ajisen, por aí.
Quarta feira assisti ao fenómeno fantástico de um eclipse solar total. Às 9h30 da manhã, voltou a ficar noite durante cerca de 5 minutos. Com vista privilegiada do meu balcony, com toda a gente na rua para a olhar para o céu, não contendo um “ahhhh” de espanto pela beleza e magia do acontecimento. São momentos destes que fazem valer a pena estar na China..
Quinta foi a despedida de Shaoxing com uma ida ao mítico Jeep Club. Os chineses sabem como divertir-se (=beber até cair). Sexta entreguei a minha casinha ao Alfredo (snif snif), rumámos para Shanghai, onde jantámos com a Rita e a Adriana numa esplanadinha gostosa. Mais tarde apareceram o António e o Coelho, e ia ter com o resto do pessoal mais tarde, mas estava cansada (talvez um pouco melancólica também) e fui para casa (da Rita), até porque no dia seguinte me esperavam longas horas de viagem...

Agora, já em Portugal (post publicado 4 dias depois do regresso), entre a chatice do jet lag que teima em não passar, as várias coisas a fazer, os lugares para rever, as pessoas para reencontrar, muito feliz por cá estar, mas confesso, já com alguma saudadezinha miúda daquela quase loucura diária que foi a minha vida nos últimos 6 meses.

E agora??

terça-feira, 14 de julho de 2009

Another month, another report...

Como vos disse no último post, estamos, aqui na China, com acesso bloqueado a vários sites, incluindo-se na lista o Blogger, o Youtube, e mais recentemente, o Facebook. Mas, como em tudo nesta vida, (e algo que muito descobri na minha estadia cá) há sempre maneiras de contornar as dificuldades, e através de alguns proxys descobertos na semana passada, já consigo aceder, ainda que não a todas as funções, destas páginas tão importantes para a vida diária aqui!Encontro-me, então, aqui para o meu já habitual relato (talvez um pouco enfadonho e descritivo) da minha vidinha por estes lados…

Os dias vão passando tendo em conta diversos factores que, progressivamente, se vão tornando cada vez mais complicados de gerir. Tenho muitas responsabilidades a cumprir no estágio que me foi atribuído, e sobre o qual aproveito para vos contar um pouco mais:

Primeiro, pressupõe-se que um estágio tenha como finalidade uma aprendizagem prática da nossa formação, e também a existência de alguém que nos ensine, supervisione e ajude. Eu estou à frente de uma fábrica chinesa, sem qualquer apoio cá, e não muito em Portugal, devido à distância física, diferença horária, etc. Tive que batalhar muito para fazer o trabalho que um profissional pediria balúrdios para realizar. Desde que cá cheguei fiquei sem vendedor e sem a ponte de ligação que tinha na empresa em Portugal. Até a minha coordenadora de estágio do Aicep teve de se ausentar do trabalho. Debato-me todos os dias com dificuldades a nível da comunicação, da maneira dos funcionários lidam com o trabalho, sou uma autêntica bombeira a fazer o trabalho de Direcção Geral, Financeira, Comercial, Recursos Humanos, Produção, Secretariado, e ainda, last but not the least, empregada de limpeza.
Isto falando apenas a nível de trabalho, que, aliás, foi para isso que cá vim, mas acrescenta-se ainda que estou sozinha numa cidade pequena, feia, suja, barulhenta, sem qualquer aliciante para uma jovem como eu.
Lutei todos os dias para levar este desafio até ao fim, quando, confesso, cheguei a pensei em regressar a Portugal algumas vezes. Mas não sou desistente por natureza e comprometi-me com o Aicep, com a LorenzBell e sobretudo comigo mesma em cumprir esta tarefa. Mas a verdade é que não tive sequer ninguém que testemunhasse a batalha diária que travo, desde que aqui cheguei, há quase 6 meses. E estou exausta.

Este último mês até o meu corpo começou a dar alguns sinais de que está na hora de voltar: dores de dentes, dores de barriga, constipação, tudo numa semana.

Para compensar, comecei a fazer umas comprinhas… Comprar roupa aqui é muito complicado (pelos tamanhos, qualidade e pela própria roupa!), mas já comprei, entre outros, 4 pares de sandálias, uns vestiditos (na H&M), dois calções (na China, sê chinesa), uma camisa, óculos de sol, uma carteira da Marc Jacobs (verdadeira, logicamente!) – uma rapariga tem as suas necessidades “shopaholicas” para compensar as saudades e outras maleitas…

Este mês comecei também a aventurar-me na cozinha. Como está já muito calor para o ginásio (sem ar condicionado torna-se difícil respirar, quanto mais fazer exercício), este foi o novo hobbie que encontrei para o stress! Claro que, pela falta de utensílios, alimentos, conhecimento e jeito, não passei de um arrozinho com legumes, uma sopa, uns ovos mexidos, etc. Mas confesso que estou a gostar (será da fome causada pelas refeições de fruta e iogurte?)

Comecemos então pelo fim-de-semana em Shanghai: sexta feira, chegar, e jantar pizza na casa da Rita, ver o filme “Apocalipto” numa noite entre muito calor e pouco sono, acordar cedo no Sábado, com festa de aniversário dupla a partir do meio dia, com Free “Flowd” (Jervell, meu amor) de tapas e bebidas, um get together na casa do Igrejas (o nosso homem das agulhas) e do Martin, uma festa num hotel com live act de dupla de dj’s tugas, uma passada no Shelter e acabar a noite, invariavelmente, no Mao. Nova noite a debater-me com o calor, o dia a entrar pela janela da sala, resultado: 2 noites em branco. Domingo, almoço rápido encomendado do KFC e venho para Shaoxing, chego a casa às 18h da tarde e aterro na cama até ao dia seguinte à hora do almoço… Estava mesmo a precisar…

O calor continua, cada vez mais difícil de suportar, sobretudo em dias de céu cinzento, e humidade intensa no ar. Mas de vez em quando lá aparece um Sol brilhante e um céu azul que alegra os corações. Mas falta-me sempre o mar, mesmo muito, imenso...

Dia 25 de Junho fica marcado, além de completados 5 meses na China, (e faltar exactamente mais um!) pelo nascimento do meu “sobrinho” João Guilherme, filhote da minha amiga Gi! Muitos parabéns, minha querida! Tens agora a felicidade de viver o melhor amor do Mundo. E eu a alegria de ser a “tia Jane”!

Novo fim-de-semana em Shanghai (as semanas não têm mesmo nada de interessante para contar!): sexta feira mariscada nos botecos da rua, com plásticos na mesa, aventais, servidos em bacias, o paraíso da Asae, mas muito, muito saboroso! Dia seguinte, passada no Fabrics, almoço no Citizen, voltinha em algumas das ruas e lojas da cidade, lanche ajantarado maravilhoso na casa da Maria de queijos e pizza, sessão obrigatória de cinema “The Painted Veil”, uma história passada na China, entre Shanghai e os arrozais do Sul, com uma fotografia simplesmente espectacular. Domingo foi um dia épico em que eu e a Maria fomos à praia em Shanghai! Ok, eu vou corrigir, fomos à piscina de um empreendimento em Pudong, com areia, palmeiras e até ondas! Foi um dia fantástico, o sol foi amigo e ainda deu para um “piqueno” bronze. E com o calor que tem estado… passar o dia na aguinha foi mesmo muito agradável! No fim, mais uma volta nas ruas/lojas, jantar no Japonês do costume, com a Marta e a Rita, e a última sessão do fim de semana: “He’s not that in to you”, comediazinha pipoca mesmo boa para domingo…

Vim segunda para Shaoxing, com a neura habitual, uma viagem a cair para o lado mas sem conseguir adormecer (típico!), directamente para a fábrica, começar a stressar, vir embora, comer a minha mais recente descoberta na secção dos importados do Carrefour: Muesli (Premium!) com iogurte de aloé vera, nham nham. Mais uma semaninha do costume, pagar contas da casa, ir com a Peggy às compras nas lojas manhosas e baratas da cidade, algum trabalho a partir de casa, umas últimas idas ao ginásio (eu tentei!), às voltas com o trabalho para o Aicep.

Voltamos ao fim-de-semana em Shangai: sexta feira, jantar no Ooedo (japonês) com os contactos mais “belhotes”, e apesar do Sakê quentinho, resisto à tentação de ir sair, e fui para casa (desta vez da Rita – estou a ficar a verdadeira saltimbanca!), onde vi um dos filmes mais cómicos dos últimos tempos “Don’t mess with Zohan”, com Adam Sandler num papelaço! Ri-me à séria, sozinha (e não foi do sakê!) Sábado foi dia de compras, sobretudo comprar recuerdos para os amigos e família no Fabrics e no Fake, jantar no DaMarco, e uma ida ao Mint com o Rapazote e o Tiago, um C10 que anda aí a dar a volta ao Oriente e que acabou por vir comigo para Shaoxing durante dois dias, para conhecer “the real china”! Antes disso, no domingo, mais uma voltita pela cidade, umas sandochas e mais um filme “The visitor”.

Segunda-feira foi, assim, diferente, a começar com um pequeno-almoço no 85, e a ter companhia na viagem para Shaoxing. Os dias seguintes provaram que, com uma boa companhia, tudo se torna mais fácil. No meu papel de guia turística, andámos pela cidade, pela rua principal, pelos jardins, pela parte antiga, demos o passeio de barco nos canais, fomos ao Ajisen, ao BananaLeaf, ao HotPot, às massagens, ao Starbucks, até ao Carrefour. Quarta lá foi o Tiago para Beijing (18h bus), e ficar sozinha de novo trouxe um sabor amargo. Ao menos a boa notícia de ter encontrado o proxy para levantar os bloqueios da internet… No dia seguinte, o primeiro de uma série de 3 dias com enxaqueca e sexta-feira, claro, Shanghai.

Jantar no Nepalês com uns amigos do António e a Andreia, uma professora de Português que também esteve desterrada numa cidade de província, mas no Norte da China, perto de Harbin, onde no Inverno a temperatura atinge os 25 graus abaixo de zero e com Beijing a 1000 km de distância. Pela semelhança das experiências, pela empatia que se criou quase de imediato entre nós, demo-nos bastante bem. Sem dúvida que uma das coisas que este programa me deu foi a possibilidade de conhecer tanta gente interessante num (relativamente) curto espaço de tempo. De volta a casa da Rita, no meu quarto cheio das tralhas do Gago (que vai morar com a Rita numa nova casa) e do Kelly (que vai voltar para Portugal), claro que ainda vi um filmezinho para adormecer, desta vez “Transiberian”. Sábado, depois de dormir 3 horas, nova passada no Fabrics, ir almoçar com a Ritinha à Vinoteca (estou apaixonada pelo espaço, pelo conceito, pela comidinha do El Willy e claro, pela companhia!), um breve descanso antes de ir para a festa de despedida do Kelly (e também um pouco dos C13 que vão embora durante a próxima semana), um Barbecue no Sasha’s, com free flow de vinho, e um calor abrasador. De seguida Bar Rouge, também em jeito de despedida, e claro… adivinhem: Mao! Domingo, acordar às 16h da tarde, ir ver a casa nova da Rita, onde me deliciei com um Big Mac, uma Big Coke e uns episódios do Tom&Jerry (já agora, parabéns, a casa é um mimo!). De volta, nova casa, desta vez, o Technotronics dos meninos onde, depois de um belo jantarinho, vimos o filme “Duplicity”, com a Julia Roberts e o Clive Owen, muito giro.

E chegamos ao dia de hoje, segunda-feira, que foi um dia daqueles que mais valia não sair de casa. Acordo estremunhada, não sei do telemóvel no meio das tralhas todas, vou buscar o meu qipao (o vestido típico chinês), e não está bem, saio para voltar dali a uma hora, vou tomar o pequeno-almoço no 85, volto lá, continua mal, chateio-me, fica o vestido e eu com o dinheiro, espero 15minutos por um táxi, um calor de morrer, caem-me os óculos ao chão, partem, um trânsito infernal, o autocarro para Shaoxing cheio e podre, só arranjo lugar atrás, com o ar condicionado de porcaria, o condutor a buzinar o caminho todo, eu a cair para o lado de sono e de falta de ar e de calor… Finalmente chego a casa (o quarto a 40º), sento-me no sofá, ligo a Internet, percebo que não tenho saldo no telemóvel, recebo a notícia de que a pessoa que me ia levar uma mala extra para Portugal (só tenho direito a 20kg – Lufhtansa no seu melhor) afinal já não ma leva, vou fazer uns instant noodles porque não tenho mais nada, queimo-me com o vapor da água a ferver. O que vale é que já passa da meia-noite e a terça feira tem, mesmo, que ser um dia melhor…

Porque os dias aqui são sempre imprevisíveis, e variam, como um pêndulo, entre alturas alegres e cheias de energia, tempos de paz e tranquilidade, e momentos de profunda tristeza e saudade ou de nervos e ansiedade. Mas assim é a vida, certo? O facto de faltar tão pouco tempo traz sentimentos contraditórios, porque a vontade de regressar é imensa mas esta experiência, apesar de muito cansativa, esgotante e um pouco frustrante, foi, até agora, "A" experiência da minha vida e há sempre alguma nostalgia em deixar tudo (ou, pelo menos, as coisas boas) para trás. Os fins-de-semana em Shanghai, apesar de também cansativos (pela viagem de 3horas, pelas noites mal dormidas em sofás emprestados, e, claro, pelas festas, passeios, etc), são bastante reconfortantes, e eu própria decidi outro tipo de postura relativamente à empresa, tentando não me incomodar tanto (pois se outros não se incomodam...) Por isso, sim, estou mais animada. Até porque daqui a menos de 2 semanas estarei de volta ao meu país, à minha família, aos meus amigos, ao meu céu azul e mar imenso, e todas as más experiências passarão a ser pedaços diminutos no meio dos 6 meses mais surpreendentes de toda a minha vida.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Banned: the Great Firewall of China (e desta vez um monthly report)

(Nota: post escrito dia 10 de Junho)

Quase 1 mês deste o último post, e ainda sem conseguir aceder ao blog, cansada de esperar e chateada por não poder relatar os acontecimentos da minha vidinha aqui na Terra do Sol Nascente, decidi começar a escrever qualquer coisa, seja lá quando puder publicar. Mesmo que seja apenas quando voltar a terras lusas.

Comecemos mesmo pelo bloqueio do blog. Não pensem que foi a censura que me impediu pessoalmente de escrever por alguma coisa de errado que tenha escrito. Todos os blogues foram bloqueados, ou seja, o próprio site “blogger” tem o acesso impedido desde o dia 17 de Maio. Assim como o YouTube e o Hi5 desde que eu cheguei há China, há quase 5 meses. A razão ao certo não é sabida, mas prende-se com possíveis fugas de informação “imprópria”, e neste caso, já sugeriram a relação possível com o 20º aniversário do acidente em Tiananmen, a 4 de Junho.

Razões e desmistificações à parte, cá estou eu para contar mais um pouquinho do que se vai passando por aqui.

E a verdade, é que além de uma visita muito especial (que contarei em mais pormenor), este mês continuou com a rotina do costume da fábrica e do ginásio durante a semana, e uns fins-de-semana em Shanghai.

E foi num desses fins-de-semana, mais precisamente no sábado dia 16, às 9h da manhã, que chegou o meu Fernando. Depois de quase 4 meses de internet, finalmente, aquele abraço, que há muito estava a precisar. Depois da visita da família, um bocadinho de casa, da terra, de Portugal, de amor e amizade, de quem basta um olhar para saber como estamos, de quem um sorriso faz com que tudo fique bem.

Deixando os sentimentalismos de lado, demos início à tour guide: People’s Square, Nanjing, Bund, Taikang lu. Depois de um merecido descanso, fomos jantar a um restaurante italiano recomendado pela Ritinha (que, gentilmente, como é seu apanágio, também nos deixou ficar na casa dela). Acolhedor, boa comida, bom vinho, a fazer lembrar os jantares no Porto. Depois fui mostrar um pouco da noite Shanghainense, mais concretamente do Bund: Lounge e Bar Rouge. No dia seguinte, acordámos apenas a tempo de ir almoçar ao Latina, em Xintiandi, dar uma voltinha, e apanhar o bus para Shaoxing. Afinal, o dia seguinte era dia de trabalho. Nessa noite ainda houve tempo para uma massagem (que o Fernando primeiro estranhou e depois adorou). Nessa semana, o dia a dia em Shaoxing teve outro sabor. O Fernando ia comigo para a fábrica, almoçávamos e jantávamos nos cantinhos do costume (Banana Leaf, GrandMas, coreano, japonês e, claro, Mac!), demos umas voltas na cidade, fizemos mais uma foot-massage e outra head-massage, e a passagem obrigatória pela rua antiga, as pontes, e a casa de chá. Na quinta à noite regressámos a Shanghai, onde ceámos com a Rita e a amiga Mahreen num chinês muito giro, e na sexta fomos directos a Pudong, onde tomámos um brunch no bar do Hyatt, no 95º andar da torre do World Financial Center. Muito fino. De seguida rumámos para o FakeMarket, spot também obrigatório e onde o Fernando comprou alguns recuerdos para levar. A meio da tarde dirigimo-nos para o aeroporto de Hongqiao, onde apanhámos o avião para Guilin, na província de Guangxi, onde iríamos passar o próximo fim-de-semana.

Guilin, onde passámos apenas 1 noite num hotel chinês mixuruca, não é nada de especial, existe apenas no mapa pelo aeroporto e por ser o local de partida de um cruzeiro que nos leva a descer o rio até Yangshuo, uma viagem de cerca de 4 horas, com almoço incluído, e que nos vai espantando com a beleza da paisagem natural. Nessa viagem conhecemos umas canadianas com quem acabámos por passar o resto do dia, numa viagem alucinante de scooter pelos campos da vila, acompanhados da guia Jenny, onde entrámos em casas de habitantes, vimos os trabalhadores nos campos, demos um passeio de jangada de bambu com uma menina da etnia Zhuang (umas das 56 etnias presentes na China) a cantar, um pescador que utilizava uns pássaros para apanhar os peixes (os pássaros mergulhavam na água, comiam o peixe, mas devido a uma corda presa no pescoço, não o conseguiam engolir, altura em que o pescador os retirava para fora). Depois do check in no Hostel (muito giro e acolhedor, mesmo em frente ao rio), fomos ver um espectáculo muito giro que decorre no rio, com as montanhas de cenário, um jogo de luzes, cores, cânticos, jangadas e, como sempre, muitas pessoas. No final, uma pizza de forno num dos restaurantes perto da WestStreet, a rua dos bares, restaurantes e lojas, onde reina sempre muita animação. Sabor a férias. Muito bom. Domingo apresentou-se chuvoso, mas não nos impediu de ir visitar grutas (com banhos de lama e hotsprings) e fazer bambu-rafting (com direito a foto – e as senhoras a vender postais que o Fernando adorou, - e mais uma sessão animada com macacos). Um merecido banho e descanso, jantar num chinês (uma comida bem saborosa e diferente da que estou acostumada) e de volta ao Hostel que amanhã tínhamos que acordar pelas 6h da manhã para ir visitar os terraços de arroz a Longsheng. Era também o dia de anos do meu baby (espero que fique para sempre). Depois do bus nos apanhar no hostel (as comodidades de ter uma guia que nos marca tudo), e antes de chegar a Pingyan, parámos ainda numa aldeia de etnia Yao, onde as mulheres são famosas pelos seus longos cabelos. Estas mulheres apenas cortam o cabelo 1 vez na vida, aos 18 anos, e que marca que estão prontas a casar. Antes disso, o cabelo estaria sempre tapado por um chapeuzinho preto. Depois de casadas, a forma como apanham o cabelo demonstra se têm filhos ou não. Nesta aldeia visitamos uma casa, vimos um espectáculo de dança e canto, bebemos um chá especial e ainda levamos com um beliscão no rabo. À medida que subíamos a montanha, o nevoeiro tornou-se mais cerrado, perspectivando uma desilusão na vista da paisagem. Ao chegar ao fim, ainda nos esperava uma longa subida de escadas até à aldeia, e mais algumas até ao primeiro spot. Enquanto almoçámos (arroz e galinha cozinhados em canas de bambu), o nevoeiro lá dissipou um pouco e pudemos ver os terraços de arroz, a sua imensidão, o isolamento da aldeia, pudemos cheirar um ar puro como há muito não sentia. Regressámos de novo por Guilin, e chegados a Shanghai, cansados mas felizes, preparámos as malas do Fernando (com muita coisa minha lá dentro!), e aterrámos na última noite antes do seu regresso.

Não vou contar como foi a despedida, não vou dizer o que senti quando o vi entrar na porta de embarque, quando virei as costas, me meti num táxi, e depois num autocarro, para vir para Shaoxing. Sozinha. De novo. Apenas quero que saibas que, independentemente do que possa acontecer, foram os melhores dias dos últimos meses da minha vida. E por isso te agradeço. Por teres feito meio mundo para vir ter comigo. Por teres sido meu companheiro nesta jornada, meu amigo, todos os dias, no bom, no menos bom, por teres aturado o meu mau feitio, pela força que me deste simplesmente por estares aí. Pelo amor que me deste sem nunca pedir nada em troca. Por tudo o que foste, que és, e que possas ser. Adoro-te.

Trabalhar nessa terça-feira foi um sacrifício. Trabalhar na quarta seguinte também (mesmo depois de ter adormecido às 20h da noite e ter acordado às 11h). O que vale é que tinha agora um feriado de 2 dias (o Dragon Boat Festival) para descansar, repor as energias, respirar fundo e voltar á carga. Decidi ficar em Shaoxing para fazer isso mesmo. Na quinta presenteei-me com um Mac (o Verão aproxima-se e há que ter cuidado com a linha), fui à manicure, ao Carrefour, e estive na Net, a conversar com amigos e família, e a fazer uns trabalhos para o Aicep. Nos três dias seguintes apenas saí para ir ao ginásio (na sexta), foi um autêntico vegetanço.

Entramos em Junho, não da melhor maneira. A ressaca do Fernando, umas notícias um pouco desanimadoras no trabalho, algumas preocupações, tristeza e muita, muita saudade. Mas aos poucos a vida retoma, tranquila, no seu ritmo normal daqui de Shaoxing. Começámos a fazer arrumações, organizações e limpezas no escritório. Além de CFO, general manager, directora de recursos humanos, etc, agora também virei empregada da limpeza. Ainda bem que tirei o curso na Fep e que me preparou para todas estas questões. Mais um fim-de-semana em Shanghai: sexta, jantar caseiro (canja de galinha e caldeirada de peixe, muito bom!) na casa dos meninos (e ainda tive direito a um banho de hidromassagem – este mimo extra é mesmo a parte boa de estar refundida na província), e roteiro Mural-Mao-Beaver. Também já tinha saudades… Sábado a sessão cinematográfica do costume (desta vez “The Sun of Rambo”), jantar num chinês, uma RoofParty que foi a verdadeira banhada, regressar a casa, passar umas horas na net, ver outro filme “Boy with striped pijama”, e adormecer às 6h da manhã, que resultou num acordar no domingo com uma valente enxaqueca. Fui almoçar com a Rita e a Mahreen a Taikang lu (sempre giro e uma boa conversa) e depois regressei à “minha” terrinha, onde estive na Net a falar com a família e, sem sono, vi o filme “Breaking and Entering”. Nova semana, o tempo esquisito, o pagamento da renda, a ida semanal ao Carrefour comprar fruta e iogurtes, os trabalhos para o Aicep, as conversas no Messenger, a preguiça para ir ao ginásio, a falta de energia. Talvez isto passe. Espero que passe. É que ainda falta 1 mês e meio…

PS: Fotos para breve.

PS2: E a propósito, hoje é dia 10 de Junho, dia de Portugal. Será por isso que me sinto ainda mais melancólica?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Weekly report

Os dias aqui continuam na sua rotina do costume.
O trabalho tem sempre os seus altos e baixos, sendo os altos não tão altos assim e os baixos rasinhos ao chão.
As idas ao ginásio são frequentes e tornaram-se uma óptima terapia.
No fim de semana lá me resolvi ir a Shanghai (já não ia há 3 semanas): jantar pizza na casa dos meninos, onde conheci o Bruno, Contacto de Pequim e o João que está cá a estudar Medicina Tradicional Chinesa. Uns porreiros. No sábado almocinho (ão) no Arco, rodízio brasileiro, onde saciei a fome da dieta semanal e que deu direito à pergunta "Are you pregnant?" numa das lojas chinesas onde entrei algum tempo depois - devem imaginar como fiquei contente. Depois de tentativas desesperadas de comprar algum trapinho - ou não serve, ou fica mal, ou a qualidade deixa a desejar, ou é caro, ou é demasiado curto - lá fui para casa vestir o que tinha para ir jantar fora, a um italiano (That's Amore) em Taikang Lu, num terracinho muito agradável, dada a elevada temperatura que se fazia sentir já há alguns dias. No fim, uma rodada de shots-surpresa no Jay Z e uma visita ultra-rápida no Shelter (vulgo: sauna).
Domingo é dia para a depressão. Voltar a Shaoxing custa. Só um bocadinho...
Segunda feira regista 36º de máxima e hoje, terça, o calor abafado e húmido anunciou a trovoada e aguaceiros consequentes, ventos fortes e descida de temperatura, metereologia que se prevê manter para os próximos dias...


Mas não há mau tempo que estrague ou diminua a expectativa dos próximos dias. Sábado está quase a chegar...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Interactividades...

Desafio aos leitores (em jeito de saudade):

1. Meu nome completo?
2. Onde nos conhecemos?
3. Há quanto tempo me conheces?
4. Eu acredito em Deus?
5. Qual foi a tua primeira impressão sobre mim quando nos encontramos?
6. Qual o dia do meu aniversário?
7. A cor do meu cabelo e dos meus olhos?
8. Já sentiste inveja ou ciúmes de mim?

9. Diz algumas das coisas que eu mais gosto de fazer.
10. Lembra-te de uma das primeiras coisas que eu te disse.
11. Qual é meu tipo de música favorita?
12. Qual é a minha melhor característica?
13. E qual a pior?
14. Eu sou tímida?

15. Consideras me tua amiga?
16. Dirias que eu sou engraçada?
17. Eu sou rebelde ou sigo todas as regras?
18. Tenho algum talento especial?
19. Já me viste chorar?

20. Se eu fosse um animal, qual seria?
21. Qual a característica minha que mais te irrita?
22. Qual a melhor lembrança que tens de mim?


Pede-se resposta em forma de comentário.
Thanks!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Weekly report (já cá faltava..)


Começamos este relatório semanal por um fim de semana - imaginem só - em Shaoxing.
Decidi-me a conhecer um pouco mais deste paraíso na terra que é Shaoxing, e aproveitei a visita da minha Maria para começar. Depois da sua chegada e almoço no Ajisen (pela hora tardia era o único sítio tirando Mac ou KFC), demos um passeio pela artéria principal da cidade, city square, old pedestrial street (património da Unesco), uma voltinha de riquexó, e ainda outra de wupeng (os barcos tradicionais). Depois um jantarzinho num boteco na zona da Universidade (65 bimbys por 4 pessoas, que roubo!), conversa agradável na casa de chá e uma foot-massage antes de ir para casa que no dia seguinte às 9h da matina estaríamos no autocarro para uma.... excursão só com chinocas!!! Foi uma emoção, o autocarro meio podre, a guia que a única palavra que soube dizer em inglês foi "money" na altura de pagar, mas nem tivemos muito azar porque ela nem falava muito alto ou estridente e éramos apenas umas 15 pessoas no máximo. Então demos início ao roteiro turístico da região: a antiga casa do Lu Xun, um escritor muito famoso destas bandas, e o bairro onde estava inserido, Shen's garden, Orchid Pavillion (onde almoçámos - apontámos os pratos que nos pareciam mais comestíveis), terminando no East Lake, o lugar de eleição entre a comunidade tuga (vulgo, as Marias). De regresso a Shaoxing, paragem obrigatória na esplanada do Starbucks e uma última voltinha pelas ruas, lojas e vendedores de snacks, e ao final da tarde lá voltou a Maria para a cidade de Shanghai.. Que sorte...

Segunda feira fica marcada por mais uma chatice na empresa (quando resolvemos um problema, surgem logo 2 ou 3...), e por ter encontrado mais uma maneira de combater o stress: entrei para o ginásio! Com o objectivo de frequentar as aulas de Yoga (estou a adorar) mas que acabou por se tornar parte da minha rotina (quase) diária, entre aulas de dança latina, oriental e hiphop. E além de todas as vantagens sobejamente conhecidas do exercício físico (para o corpo e mente), este tem a particularidade lúdica de me divertir a ver chinesas desengonçadas a tentar dançar de calças de ganga, e chineses a jogar pingpong e bilhar.
E assim passou mais uma semana, entre acordar ás 8h uns dias e ao meio dia noutros, entre sol e chuva, entre temperaturas de 27º num dia e 20º no dia seguinte, entre as idas já habituais ao Carrefour e os passeios na JieFang lu, e agora, as idas ao ginásio.

Depois da desistência de ir a Guilin este fim de semana (prolongado devido ao 1 de Maio) e da tentativa falhada de ir a Shanghai - devido ao aglomerado insuportável de chineses na estação de autocarros (breve nota de esclarecimento: os feriados na China têm sempre a duração de 3 dias, e mesmo o fim de semana é dia de trabalho para muitos chineses, e como não têm férias tirando estes feriados e as semanas do Ano Novo, são milhares de chineses a viajar nestas alturas), resolvi passar este fim de semana em retiro espiritual. Com algum stress acumulado, aproveitei para descansar, dormir, ler, ver empregos (daqui a menos de 3 meses posso estar desempregada...), navegar na Internet, ver filmes ("Big Nothing" e "Chasing Amy"), comprar fruta (nêsperas!!!) e ainda deu para uma aulinha de pilates com bola no domingo à noite...

E chegamos a hoje, o início de mais outra semana, que se prevê semelhante a tantas outras, mas que dá início à contagem decrescente para a vinda do meu babe - já só faltam 11 dias para te dar um abraço!


Miss you so....

domingo, 3 de maio de 2009

Feliz dia da mãe!

- por teres cuidado de mim quando eu estive doente

- por teres cozinhado todos os dias para que nada me faltasse

- por teres arrumado o meu quarto quando era roupa por todo o lado

- por me teres ensinado os valores e princípios que fazem de mim um ser humano melhor

- por me teres incentivado e ajudado a estudar

- por teres feito da nossa casa o meu lugar preferido de todos

- por teres construído e lutado toda a tua vida pela nossa família

- por teres tido paciência para os meus maus humores

- por me teres dado sempre tudo o que podias (tirando um certo algodão doce...)

- por me teres dado força e coragem para aguentar tudo

- por me teres dado colinho

- por ires comigo às compras e lanchar ao fim de semana

- por me ajudares a escolher a roupa quando tenho alguma festa

- por me ofereceres presentes sem haver motivo especial

- por seres uma profissional brilhante que me faz encher de orgulho

- por me teres mostrado como ser educada, elegante e ter bom coração...

...e por todo estes quase 28 anos de entrega, dedicação, e amor incondicional,

Obrigada.

És a minha super-mãe! e eu tenho muitas saudades tuas!

(à falta do ramo, do almoço ou dos chocolates, este é o único mimo que te posso dar, mas em Dezembro fica prometido!)