quarta-feira, 8 de julho de 2009

Banned: the Great Firewall of China (e desta vez um monthly report)

(Nota: post escrito dia 10 de Junho)

Quase 1 mês deste o último post, e ainda sem conseguir aceder ao blog, cansada de esperar e chateada por não poder relatar os acontecimentos da minha vidinha aqui na Terra do Sol Nascente, decidi começar a escrever qualquer coisa, seja lá quando puder publicar. Mesmo que seja apenas quando voltar a terras lusas.

Comecemos mesmo pelo bloqueio do blog. Não pensem que foi a censura que me impediu pessoalmente de escrever por alguma coisa de errado que tenha escrito. Todos os blogues foram bloqueados, ou seja, o próprio site “blogger” tem o acesso impedido desde o dia 17 de Maio. Assim como o YouTube e o Hi5 desde que eu cheguei há China, há quase 5 meses. A razão ao certo não é sabida, mas prende-se com possíveis fugas de informação “imprópria”, e neste caso, já sugeriram a relação possível com o 20º aniversário do acidente em Tiananmen, a 4 de Junho.

Razões e desmistificações à parte, cá estou eu para contar mais um pouquinho do que se vai passando por aqui.

E a verdade, é que além de uma visita muito especial (que contarei em mais pormenor), este mês continuou com a rotina do costume da fábrica e do ginásio durante a semana, e uns fins-de-semana em Shanghai.

E foi num desses fins-de-semana, mais precisamente no sábado dia 16, às 9h da manhã, que chegou o meu Fernando. Depois de quase 4 meses de internet, finalmente, aquele abraço, que há muito estava a precisar. Depois da visita da família, um bocadinho de casa, da terra, de Portugal, de amor e amizade, de quem basta um olhar para saber como estamos, de quem um sorriso faz com que tudo fique bem.

Deixando os sentimentalismos de lado, demos início à tour guide: People’s Square, Nanjing, Bund, Taikang lu. Depois de um merecido descanso, fomos jantar a um restaurante italiano recomendado pela Ritinha (que, gentilmente, como é seu apanágio, também nos deixou ficar na casa dela). Acolhedor, boa comida, bom vinho, a fazer lembrar os jantares no Porto. Depois fui mostrar um pouco da noite Shanghainense, mais concretamente do Bund: Lounge e Bar Rouge. No dia seguinte, acordámos apenas a tempo de ir almoçar ao Latina, em Xintiandi, dar uma voltinha, e apanhar o bus para Shaoxing. Afinal, o dia seguinte era dia de trabalho. Nessa noite ainda houve tempo para uma massagem (que o Fernando primeiro estranhou e depois adorou). Nessa semana, o dia a dia em Shaoxing teve outro sabor. O Fernando ia comigo para a fábrica, almoçávamos e jantávamos nos cantinhos do costume (Banana Leaf, GrandMas, coreano, japonês e, claro, Mac!), demos umas voltas na cidade, fizemos mais uma foot-massage e outra head-massage, e a passagem obrigatória pela rua antiga, as pontes, e a casa de chá. Na quinta à noite regressámos a Shanghai, onde ceámos com a Rita e a amiga Mahreen num chinês muito giro, e na sexta fomos directos a Pudong, onde tomámos um brunch no bar do Hyatt, no 95º andar da torre do World Financial Center. Muito fino. De seguida rumámos para o FakeMarket, spot também obrigatório e onde o Fernando comprou alguns recuerdos para levar. A meio da tarde dirigimo-nos para o aeroporto de Hongqiao, onde apanhámos o avião para Guilin, na província de Guangxi, onde iríamos passar o próximo fim-de-semana.

Guilin, onde passámos apenas 1 noite num hotel chinês mixuruca, não é nada de especial, existe apenas no mapa pelo aeroporto e por ser o local de partida de um cruzeiro que nos leva a descer o rio até Yangshuo, uma viagem de cerca de 4 horas, com almoço incluído, e que nos vai espantando com a beleza da paisagem natural. Nessa viagem conhecemos umas canadianas com quem acabámos por passar o resto do dia, numa viagem alucinante de scooter pelos campos da vila, acompanhados da guia Jenny, onde entrámos em casas de habitantes, vimos os trabalhadores nos campos, demos um passeio de jangada de bambu com uma menina da etnia Zhuang (umas das 56 etnias presentes na China) a cantar, um pescador que utilizava uns pássaros para apanhar os peixes (os pássaros mergulhavam na água, comiam o peixe, mas devido a uma corda presa no pescoço, não o conseguiam engolir, altura em que o pescador os retirava para fora). Depois do check in no Hostel (muito giro e acolhedor, mesmo em frente ao rio), fomos ver um espectáculo muito giro que decorre no rio, com as montanhas de cenário, um jogo de luzes, cores, cânticos, jangadas e, como sempre, muitas pessoas. No final, uma pizza de forno num dos restaurantes perto da WestStreet, a rua dos bares, restaurantes e lojas, onde reina sempre muita animação. Sabor a férias. Muito bom. Domingo apresentou-se chuvoso, mas não nos impediu de ir visitar grutas (com banhos de lama e hotsprings) e fazer bambu-rafting (com direito a foto – e as senhoras a vender postais que o Fernando adorou, - e mais uma sessão animada com macacos). Um merecido banho e descanso, jantar num chinês (uma comida bem saborosa e diferente da que estou acostumada) e de volta ao Hostel que amanhã tínhamos que acordar pelas 6h da manhã para ir visitar os terraços de arroz a Longsheng. Era também o dia de anos do meu baby (espero que fique para sempre). Depois do bus nos apanhar no hostel (as comodidades de ter uma guia que nos marca tudo), e antes de chegar a Pingyan, parámos ainda numa aldeia de etnia Yao, onde as mulheres são famosas pelos seus longos cabelos. Estas mulheres apenas cortam o cabelo 1 vez na vida, aos 18 anos, e que marca que estão prontas a casar. Antes disso, o cabelo estaria sempre tapado por um chapeuzinho preto. Depois de casadas, a forma como apanham o cabelo demonstra se têm filhos ou não. Nesta aldeia visitamos uma casa, vimos um espectáculo de dança e canto, bebemos um chá especial e ainda levamos com um beliscão no rabo. À medida que subíamos a montanha, o nevoeiro tornou-se mais cerrado, perspectivando uma desilusão na vista da paisagem. Ao chegar ao fim, ainda nos esperava uma longa subida de escadas até à aldeia, e mais algumas até ao primeiro spot. Enquanto almoçámos (arroz e galinha cozinhados em canas de bambu), o nevoeiro lá dissipou um pouco e pudemos ver os terraços de arroz, a sua imensidão, o isolamento da aldeia, pudemos cheirar um ar puro como há muito não sentia. Regressámos de novo por Guilin, e chegados a Shanghai, cansados mas felizes, preparámos as malas do Fernando (com muita coisa minha lá dentro!), e aterrámos na última noite antes do seu regresso.

Não vou contar como foi a despedida, não vou dizer o que senti quando o vi entrar na porta de embarque, quando virei as costas, me meti num táxi, e depois num autocarro, para vir para Shaoxing. Sozinha. De novo. Apenas quero que saibas que, independentemente do que possa acontecer, foram os melhores dias dos últimos meses da minha vida. E por isso te agradeço. Por teres feito meio mundo para vir ter comigo. Por teres sido meu companheiro nesta jornada, meu amigo, todos os dias, no bom, no menos bom, por teres aturado o meu mau feitio, pela força que me deste simplesmente por estares aí. Pelo amor que me deste sem nunca pedir nada em troca. Por tudo o que foste, que és, e que possas ser. Adoro-te.

Trabalhar nessa terça-feira foi um sacrifício. Trabalhar na quarta seguinte também (mesmo depois de ter adormecido às 20h da noite e ter acordado às 11h). O que vale é que tinha agora um feriado de 2 dias (o Dragon Boat Festival) para descansar, repor as energias, respirar fundo e voltar á carga. Decidi ficar em Shaoxing para fazer isso mesmo. Na quinta presenteei-me com um Mac (o Verão aproxima-se e há que ter cuidado com a linha), fui à manicure, ao Carrefour, e estive na Net, a conversar com amigos e família, e a fazer uns trabalhos para o Aicep. Nos três dias seguintes apenas saí para ir ao ginásio (na sexta), foi um autêntico vegetanço.

Entramos em Junho, não da melhor maneira. A ressaca do Fernando, umas notícias um pouco desanimadoras no trabalho, algumas preocupações, tristeza e muita, muita saudade. Mas aos poucos a vida retoma, tranquila, no seu ritmo normal daqui de Shaoxing. Começámos a fazer arrumações, organizações e limpezas no escritório. Além de CFO, general manager, directora de recursos humanos, etc, agora também virei empregada da limpeza. Ainda bem que tirei o curso na Fep e que me preparou para todas estas questões. Mais um fim-de-semana em Shanghai: sexta, jantar caseiro (canja de galinha e caldeirada de peixe, muito bom!) na casa dos meninos (e ainda tive direito a um banho de hidromassagem – este mimo extra é mesmo a parte boa de estar refundida na província), e roteiro Mural-Mao-Beaver. Também já tinha saudades… Sábado a sessão cinematográfica do costume (desta vez “The Sun of Rambo”), jantar num chinês, uma RoofParty que foi a verdadeira banhada, regressar a casa, passar umas horas na net, ver outro filme “Boy with striped pijama”, e adormecer às 6h da manhã, que resultou num acordar no domingo com uma valente enxaqueca. Fui almoçar com a Rita e a Mahreen a Taikang lu (sempre giro e uma boa conversa) e depois regressei à “minha” terrinha, onde estive na Net a falar com a família e, sem sono, vi o filme “Breaking and Entering”. Nova semana, o tempo esquisito, o pagamento da renda, a ida semanal ao Carrefour comprar fruta e iogurtes, os trabalhos para o Aicep, as conversas no Messenger, a preguiça para ir ao ginásio, a falta de energia. Talvez isto passe. Espero que passe. É que ainda falta 1 mês e meio…

PS: Fotos para breve.

PS2: E a propósito, hoje é dia 10 de Junho, dia de Portugal. Será por isso que me sinto ainda mais melancólica?

2 comentários:

  1. Que bom voltar a ter noticias do outro lado do mundo!! E a ter comentarios no meu espaçinho também!
    Jà falta pouco para voltares a terras lusas e festejares o nosso Portugal e matares saudades...até là vai aproveitando, que ainda vais sentir falta das tuas aventuras, e desaventuras, chinesas...
    "Bacci" ;) ***

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  2. Não tens que agradecer... Foi tudo com amor..
    :)

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